A primeira vez que vi Yasmin, foi
no carnaval passado, com direito à trilha sonora, um axé arrochado que tocava
no som de um carro no meio da rua. Yasmin estava na praça soltando fumaça,
feito uma chaminé de trem, com seus cigarros de filtros vermelhos. Ela era uma
visão caótica de um paraíso particular, com os cabelos ao vento, desarrumada de
uma forma organizada, como se tudo aquilo fizesse parte do seu papel. Yasmin me
fez chorar, me fez querer correr, me fez querer ficar ali pra sempre, só
olhando. Fez-me perder as estribeiras. Sua solidão era só, era sol, era lua,
mar, filosofia clichê de quem se vê perdidamente apaixonado. Eu escrevi mil
teses em pensamento sobre aqueles 5 minutos impecáveis em que olhei Yasmin, sem
se quer piscar. Distraída. “Yasmin, porque você nunca está atenta? Toda essa
sua ausência me atordoa.” Se o mundo acabasse ali, acho que ela não iria
perceber, nem eu. Focados, está aí um ponto em que a gente combinou desde o
inicio, somos focados, em coisas diferentes, é claro. Então tá, ela ficou lá
fumando até o ultimo trago, até o fim, até o talo. Como se estivesse querendo
morrer mais rápido, como se estivesse querendo viver pra sempre. Talvez fosse
esse o problema de Yasmin, toda a dificuldade que tinha de lidar com o tempo,
sem ter uma opinião formada sobre a morte, às vezes se considerava imortal, uma
consideração que não fazia muita consideração de considerar. O cigarro acabou,
e Yasmin foi indo, vindo em minha direção e eu gelei, tremi, suei frio, calor
tudo o que deu pra suar, do jeito mais estranho que deu pra soar, eu soei em
silencio, gritei por dentro. ACORDA. A corda. Havia uma corda daquelas que divide
quem está de abadar de quem esta na bagunça. Olha que idiota eu fui de pensar em
você de maneira tão pessoal, sem se quer te conhecer, querendo te tirar dali,
do jeito que você estava te levar direto pro altar. Feito Marcelo Jeneci, em “pra
sonhar”. ACORDA. Yasmin passou por mim, me olhou nos olhos, sorriu e seguiu em
frente, me deixando pra trás. E eu, o que fiz? Sorri de volta, é claro. Olhando
pra trás, vendo Tiago abraçá-la. Aí dj, solta o Pierrot (Los Hermanos), que meu mundo caiu. Em ritmo de carnaval,
me vi fodido e mal pago. Puta que pariu Colombina, eu sei que tu me viste, eu
te vi, tu sorriu, eu sorri. Então me diz o que você está fazendo com esse
Arlequim cansado? Solta um Azedume
(Los Hermanos), agora, porque a porra ficou séria. Fui da alegria ao pranto,
caindo de boca em teus encantos, Yasmin, meu carnaval acabou graças a você, mas
não faz mal, eu não sei sambar. Desde então nunca mais parei de te seguir, te
rastrear, te procurar na internet, GPS, celular e nada. Yasmin, sinceramente,
te acho uma tapada, mas te prometo que eu vou tirar essa tampa, nem que seja na
marra.
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