“Eu preciso de luz para escrever
o que vou escrever agora”, pensou o Amor, que no caso sou eu mesmo que a vós
digo. Estou escrevendo em segredo, embaixo do abajur, me sinto um romântico escrevendo
cartas à luz de velas, uma vela moderna no caso, um romântico do século XXI,
acho bonito escrever em algarismo romano, essa é uma das coisas que aprendi na
escola sem me dar conta, que só vim perceber bem depois. Retomando o ultimo
assunto abordado “Yasmin, sinceramente, te acho uma tapada, mas te prometo que
eu vou tirar essa tampa, nem que seja na marra.”. Então eu fiz foi o seguinte:
Encontrei Yasmin, de uma maneira não tão filosófica, sem aquele blábláblá. Introduzi-me
sem ser chamado, na vida da menina
esguia, com a bolsa a tiracolo e as
pedras só pesando. Fiz porque achei necessário, porque fiquei meses e
meses, ou melhor, semanas e semanas, pensando bem, fiquei um dia inteiro sem
conseguir parar de pensar em Yasmin. E como eu estava ali, e ela estava
relativamente próxima a mim, resolvi fazer tocaia no mesmo local do primeiro
encontro, e ela voltou de uma forma poética. Enfim, encurtando a história, eu
segui Yasmin, eu sei, eu sei... Isso é errado e coisa e tal. Mas quando se ama
os fins justificam os meios, é o que eu acho, é o que eu quero acreditar.
Então, sim eu segui Yasmin, eu a vigiei a distância, procurei saber muitas
coisas antes de entrar em sua vida, pelo simples fato: Eu quis entrar pra
ficar. Sendo assim, corri atrás. E no dia 16 de março, encontrei Yasmin “sem
querer” tomando sorvete na locadora de filmes, e sorri pra ela, que estava com
uma blusa do Nando Reis, aquelas de banda, coincidência que não ocorre todo
dia, achei propicio me aproximar e cantarolar uma canção despretensiosa “sim, desde que eu te vi, eu te quis”.
Graças a Deus, Yasmin não me reconheceu. Nesse dia a gente conversou
quilômetros, pois é. Maaaaas, eu tinha outra coisa pra contar, na verdade, mas
não poderia começar contando assim do nada, de maneira aleatória, sem deixar
claro que eu a encontrei, a conheci... E a mais ou menos uma hora atrás estive
em seu quarto sozinho por um instante, e a curiosidade, meu caro, é armadilha
do diabo. Eu li escondido um trecho do diário de Yasmin, que dizia: “Solidão que nada. Um dia, uma noite ou uma
madrugada, olharei para o lado, pra trás ou pra frente, e verei que deu certo. Que
jogar conversa fora às vezes traz algo de bom pra dentro. Não existe jeito certo
de se aventurar...”. Nessa hora eu gelei, a porta abriu, joguei o diário em
cima da cama e disfarcei, e Yasmin nem percebeu. Acho que se eu fosse um
assassino, mataria ela, sem que ela se queixasse, de tão ingênua. Será? Tenho
ido longe demais, mas agora que descobri que Yasmin gosta do risco, ao menos em
seus diários, terei de ir além do além. Yasmin, eu vou tornar real todas as
fantasias que você insiste em apenas rabiscar.
Deixa de ser intrometido, Amor. Bom saber que não pode deixar nada perto de você quando estiver sozinho.
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