terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Oh, Charles!

Não tive coragem de encostar nos livros de Bukowski até então, fiquei meio paranoica, como se o universo me aspirasse as entranhas, sempre em busca de um pouco mais, nunca sendo o bastante. Eu era melhor com as palavras. As páginas dos meus diários estão cheias de baboseiras românticas que não mostrei pra ninguém. Ninguém no mundo me permite ser doce o bastante. As pessoas me culpam por ser filha da puta, quando na verdade, sou apenas a soma das poucas impressões que tomo nota, do mundo a me rodear. As pessoas não me permitem ser amável o suficiente. Meu lado romântico é um babalcoolatra, que vai às reuniões do AA apenas para ouvir a baboseira alheia, volta pra casa e se afoga em amargura, por achar que não sofreu o suficiente até então. Eu sou ruim, mas sempre posso piorar. Pois tudo o que tenho nunca será o suficiente, os maços de cigarros sempre chegam ao fim, e as pessoas sempre vão embora, em bora nem sempre digam adeus no final. Tenho tido a impressão de que nunca somos suficientemente filhas da puta, o mundo sempre exige mais. Charles, eu fiquei com trauma de você e do modo tão sincero que você descreve o amor.

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