Não tive coragem de encostar nos livros de Bukowski até
então, fiquei meio paranoica, como se o universo me aspirasse as entranhas,
sempre em busca de um pouco mais, nunca sendo o bastante. Eu era melhor com as
palavras. As páginas dos meus diários estão cheias de baboseiras românticas que
não mostrei pra ninguém. Ninguém no mundo me permite ser doce o bastante. As
pessoas me culpam por ser filha da puta, quando na verdade, sou apenas a soma
das poucas impressões que tomo nota, do mundo a me rodear. As pessoas não me
permitem ser amável o suficiente. Meu lado romântico é um babalcoolatra, que vai
às reuniões do AA apenas para ouvir a baboseira alheia, volta pra casa e se
afoga em amargura, por achar que não sofreu o suficiente até então. Eu sou
ruim, mas sempre posso piorar. Pois tudo o que tenho nunca será o suficiente,
os maços de cigarros sempre chegam ao fim, e as pessoas sempre vão embora, em
bora nem sempre digam adeus no final. Tenho tido a impressão de que nunca somos
suficientemente filhas da puta, o mundo sempre exige mais. Charles, eu fiquei
com trauma de você e do modo tão sincero que você descreve o amor.
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