Eu tenho perdido tantas coisas, Odette, e não consigo parar de
pensar que a culpa de certa forma é minha. Tenho me tornado menos sensível, mas
isso não sinônimo de força. Nem sempre a gente ganha quando o outro perde. Eu
sempre tão competitiva, Odette, você melhor que ninguém sabe disso, todo o
esforço que sempre fiz para sempre ganhar. Talvez eu tenha jogado toda minha
sorte ao vento, desperdiçado meu talento com as pessoas erradas. Não sei
Odette, estou começando a desacreditar nessa história de pessoa certa. A pessoa
certa para mim, talvez seja eu mesma. Sinto falta da sua exatidão, das suas
certezas, minha amiga. Eu corri tanto pra no fim acabar aqui outra vez. Mas
esse pode não ser o fim de vez. Tenho tido dificuldade tremenda em começar certas
coisas, Odette. Parece que eu nunca estou suficientemente pronta, às vezes eu
me cobro demais, mas toda vez que eu deixo as cobranças pra lá, acabo sem nada,
no fim das contas. As contas sempre foram meu maior problema. É que eu não sei
contar, Odette. Mas eu gostaria tanto de saber. Tem dias que eu só acordo
querendo ser outra pessoa, mas ainda assim, tenho gostado do que tenho me
tornado, de modo geral. Tenho aprendido a perder, Odette. Tenho descoberto o
outro lado da moeda, o lado de quem é deixado para trás. E por mais doloroso
que ficar de fora às vezes seja, cada dia que passa tenho me encontrado mais
dentro de mim. Você estava completamente certa quando disse que somos tão jovens, sei tão pouco quanto
antes agora. Mas agora eu vejo que foi
bom ficar de fora. Perder nem sempre significa não ganhar, hoje eu consigo
entender, Odette.
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