domingo, 24 de fevereiro de 2013

Frederico, meu caro

Onze meses, Fred, quase um ano. Quanta coisa aconteceu, meu grande amigo, e por mais que eu tente te contar tudo o que passei nesses últimos meses, muita coisa não vale à pena. Sempre que penso em você, é com ternura, é sem tortura, mesmo que seja com muitíssima saudade. Você era o meu cowboy, e eu era quem te alimentava, tudo foi uma troca justa. Mas ainda acho que o destino foi sacana em te tirar de mim, você se foi em um ano em que eu perdi bem mais do que ganhei. Creio eu ter tudo aquilo que mereço, e tudo o que não tenho, segue à regra. Logo depois que você se foi, veio o frio, o vazio, o delírio, e podemos dizer que à pouco, veio me visitar a lucidez. Bom, resumidamente, foi isso. Nada de tão grandioso aconteceu, meu caro. Sempre penso em você, todos os dias, você é o meu diário, uma das poucas coisas que faço questão de manter aqui dentro. Lembrei da Iully, agora, pelo simples fato dela sempre dizer que eu não era uma pessoa, e sim uma coisa, uma de suas coisas favoritas. Fazia certo sentido, sabe? Honestidade, Fred, isso está em falta por essas bandas agora, o que não falta é hostilidade. O mundo continua feroz, Felino, o mundo está cada vez mais voraz. E pensando em você, acabo me questionando como é o céu, o que acontece depois, se existe um depois. Tudo parece tão passageiro, meu amigo, nada dura. E às vezes eu nem me lembro como é sonhar, pranteando desacertandamente, errando a mente. Eu penso em Deus, em alguns momentos constantes. Eu rezo, às vezes. Eu rezo por você. É que você era medroso e desastrado. Vai que no céu tem portões  de vidros. Peço a Deus para que te dê baratas voadoras, ou borboletas em um campo aberto, e que nos dias frios te dê um cobertor e um lugar fechado, alguém que toque violão até você dormir e pedaços gordos de mortadela. O mundo nunca mais vai ver alguém como você. Você foi uma das minhas coisas preferidas.

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