Aqui, Odette.

Odette, eu estou tendo certa dificuldade em escrever, por sobra de tempo e temas. Saber que posso falar sobre qualquer coisa a qualquer hora, me desperta certo desapego das palavras. Estou com frio, mas não tá frio hoje, tá fresco. Preciso deitar, espera. Pronto, estou deitada e coberta, mas ainda estou com frio, estou com dor nas costas. Ai Odette, tem se tornado tão cansativo pra eu escrever pra você sobre coisas avulsas e aleatórias com sobra de sentido. Múltiplos sentidos. Eu queria escrever sobre algo especifico, tenho treinado isso nas páginas do meu diário, nem tão mais diário quanto antes. Essa rotina duvidosa tem me atordoado, eu tenho queimado caretas demais. Vício. Essa minha tendência à dependência é algo cada vez mais perceptível, eu tenho me analisado e não tenho encontrado solução para certas questões. Estou calma agora, Odette, mas só por um prazo determinado, que tem sido variado. Fecho meus olhos e escuto meu coração que só diz tum tum, nada mais. E minha mente gira, gira, gira sem parar, como uma roda gigante desgovernada. Estou cansada da ausência do que fazer, tendo muito que fazer. O que me falta é a vontade, mas não sei vontade de que. Animo inexistente há dias. Odette, eu não quero mais escrever mais nada aqui, talvez mais tarde isso seja diferente.