sábado, 21 de julho de 2012

O mistério da fé, Odette.


Odette, a diferença é clara, minha cara. A gente não pode viver a mesma história duas vezes. Ela me traz de volta, enquanto eu surfo, quando eu surto com uma situação qualquer. Eu queria que ela estivesse aqui agora, Odette, por várias horas eu só penso nisso. Ela aqui, agora, como seria? Minha cama uma bagunça, a tinta na sala ainda está fria e eu estou tão quente por dentro, sabe, Odette, eu estou quente, tão quente, que tenho medo. É eu tenho medo que esse calor derreta meu ser, e o que eu serei depois de tudo isso? As coisas caminham para o fim, Odette, e eu estou com medo de como isso tudo possa vir a terminar. Eu disse mais cedo que tinha algo pra te contar, algo óbvio, algo mais que claro, Odette, eu sei que você já sabe. Mas sinto que tenho que reafirmar que deixar claro, explicito, registrado. Mas estou com medo de fazer isso também, estou com medo de ter de apagar depois. Acho que regredi, e relembrar o passado é o mesmo que me agredir, rasgando os pulsos, cortando os braços, são marcas demais. Eu sei nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, e o amor segue a mesma regra. Eu não posso comparar, nem vou, nem quero. Essa não é a questão, não quero reviver nada, eu só estou com medo do fim. Estou com medo do que vêm depois, meus recomeços são demorados demais, e estando assim tão entregue a algo que me esquenta tanto, me faz temer cada vez mais o frio. Odette, eu ainda tenho medo do escuro, e quando deito pra dormir, me cubro, me escondo de coisas que desconheço. Eu estou amando, Odette, esse era o algo importante. Esse é o mistério da fé, taquei fogo no edredom, se esfriar, fodeu, se o diabo aparecer é um sinal de que não era pra ser.  Ai Odette, vou mandar essa minha bipolaridade pra casa do caralho, que se foda essa porra.

2 comentários:

  1. Licença, deixe-me passar. Aproveite cada passagem minha. Não pense como serei, e sim, como estou sendo. É difícil esquecer o que já caminhei, e nem se deve. Cronologicamente sou o mesmo para todos.

    *Sem terminar mesmo, porque não tenho fim.

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