Fred, eu sinto tanto a sua falta, meu caro. Mas agora toda
essa saudade parece mais saudável. Há uns tempos atrás eu não podia nem tocar
em seu nome sem encher os olhos d’água, e ao olhar uma foto sua então... Era
praticamente um temporal de lágrimas. A gente aprende a perder, Fred, essa é
uma das grandes verdades. Tem uma hora que simplesmente não há o que ser feito
então a única coisa a se fazer é superar. Ou seja, até quando não há o que ser
feito, existe algo que podemos fazer. Isso me faz pensar, se nesse mundo
existem verdades absolutas. Fred, saudade é bem mais que um sentimento, saudade
é um estado de espírito. É como estar feliz, ou estar triste. O estar saudoso,
estado de quem sente saudade, pode ser um meio termo entre a felicidade e a
tristeza, tanto quanto, pode ser o extremo de uma das duas. A saudade é uma subseção
do sentir. Ai, Fred, eu acabo invocando pensamentos muito pessoais e caóticos
enquanto te escrevo meu bichano, e acabam saindo altas filosofias desprovidas
de muito sentido. O que as pessoas devem pensar disso tudo? Lembrei-me daquele dia em que fui te levar pra
vacinar e o veterinário disse pra eu te por na mesa, para que ele pudesse te
vacinar, e você tremia tanto de medo e se agarrava a mim com suas garrinhas
afiadas. E eu em um ato de coragem e confiança, disse que ele podia te vacinar no
meu colo mesmo, e mesmo ele desaprovando essa ideia, eu insisti, e disse: “não,
pode furar, ele é manso”, e ele acabou cedendo. É Fred, você não me arranhou,
ficou tão quieto, parado, que eu pude sentir as batidas do seu coração. Eu
estive tão poucas vezes tão intensamente conectada a alguém como estive contigo
naquele instante, ao ponto de ouvir tão de perto as suas batidas pulsando em
meu corpo, me embalando de maneira tão pessoal, e desprovida de barreiras. Foi
como estar dentro de você, sentindo seu pulsar, sentindo o bombear da sua existência
paralela a minha. Acho que eu tenho todo o perfil solitário de uma dona de
gatos mesmo. Mas você não era qualquer gato, você era “O Cara”. Loucura, Fred,
doideira das bravas. Agora minha solidão é totalmente desacompanhada, sem você,
às vezes parece que nem eu mesma me faço companhia. Sinto sua falta, não
importa o que vão pensar, o que vão pensar não importa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário