segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Fredelindo


Fred, eu sinto tanto a sua falta, meu caro. Mas agora toda essa saudade parece mais saudável. Há uns tempos atrás eu não podia nem tocar em seu nome sem encher os olhos d’água, e ao olhar uma foto sua então... Era praticamente um temporal de lágrimas. A gente aprende a perder, Fred, essa é uma das grandes verdades. Tem uma hora que simplesmente não há o que ser feito então a única coisa a se fazer é superar. Ou seja, até quando não há o que ser feito, existe algo que podemos fazer. Isso me faz pensar, se nesse mundo existem verdades absolutas. Fred, saudade é bem mais que um sentimento, saudade é um estado de espírito. É como estar feliz, ou estar triste. O estar saudoso, estado de quem sente saudade, pode ser um meio termo entre a felicidade e a tristeza, tanto quanto, pode ser o extremo de uma das duas. A saudade é uma subseção do sentir. Ai, Fred, eu acabo invocando pensamentos muito pessoais e caóticos enquanto te escrevo meu bichano, e acabam saindo altas filosofias desprovidas de muito sentido. O que as pessoas devem pensar disso tudo?  Lembrei-me daquele dia em que fui te levar pra vacinar e o veterinário disse pra eu te por na mesa, para que ele pudesse te vacinar, e você tremia tanto de medo e se agarrava a mim com suas garrinhas afiadas. E eu em um ato de coragem e confiança, disse que ele podia te vacinar no meu colo mesmo, e mesmo ele desaprovando essa ideia, eu insisti, e disse: “não, pode furar, ele é manso”, e ele acabou cedendo. É Fred, você não me arranhou, ficou tão quieto, parado, que eu pude sentir as batidas do seu coração. Eu estive tão poucas vezes tão intensamente conectada a alguém como estive contigo naquele instante, ao ponto de ouvir tão de perto as suas batidas pulsando em meu corpo, me embalando de maneira tão pessoal, e desprovida de barreiras. Foi como estar dentro de você, sentindo seu pulsar, sentindo o bombear da sua existência paralela a minha. Acho que eu tenho todo o perfil solitário de uma dona de gatos mesmo. Mas você não era qualquer gato, você era “O Cara”. Loucura, Fred, doideira das bravas. Agora minha solidão é totalmente desacompanhada, sem você, às vezes parece que nem eu mesma me faço companhia. Sinto sua falta, não importa o que vão pensar, o que vão pensar não importa.

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