segunda-feira, 1 de abril de 2013

A verdade sobre Sophia

Eu me perdi da inspiração, eu a mandei comprar cigarros, e ela nunca mais voltou. Pensei que eu nunca desistiria do amor, mas não me vejo mais tentando. Existe uma quantidade assustadora de coisas que eu não consigo entender, mas se eu não vejo mais você, o desentendimento deveria ser a menor questão. Ainda guardo uma foto antiga sua, em algum lugar que não me lembro, é como um infarto esperando para ser fulminado. Você sempre falava dos planos, a gente morria de rir com toda aquela porcaria. Acho desnecessário externalizar algumas coisas, e valido eternizar outras, como por exemplo a sua risada, o seu tom de voz, o modo inapropriado com o qual você usava as pessoas. Às vezes me questiono, quem sou eu para te julgar, talvez tenha sido esse o nosso grande ponto de encontro, o pecar. Não posso viver para te evitar, não posso viver para ti, mesmo sem saber para que viver. Minha tendência suicida, toda minha melancolia barata. Agora pareço ser outra pessoa, assim como você. Tudo pode ser apenas uma questão de ponto de vista, ou ausência de vírgula. Sua exatidão, suas certezas, suas filosofias roubadas. Apesar dos pesares, dos penares, de toda essa merda, ainda me fazem pensar. Eu sinto falta dos seus talentos, e deslizes. Pensando em nós, me sinto idiota, me sento sobre a hipocrisia que é te lembrar. Tem que existir um lugar para mim, em minha vida. Tem que haver um lugar onde eu possa  fechar os olhos e sentir a paz da minha companhia. Eu te mandei comprar cigarros, e você se vendeu para o mundo. Eu quis ser livre, você quis se engradar, deixando sem duas vezes pensar, de me agradar. Somos pessoas diferentes, desde sempre, nunca fomos iguais. Sophia, eu não encontrei ninguém melhor do que você, e isso não quer dizer que você seja tão especial assim. O problema pode estar no meu péssimo gosto para escolher, nos lugares que insisto em frequentar, nos cigarros que não paro de ascender e apagar, nas promessas que fiz e que não paro de lembrar. Mas o que eu posso fazer, se não te tenho na minha vida, nem na minha TV. Bater, entrar, chegar mais cedo mais uma vez, de nada vai adiantar. "Vai rezar para esquecer, vai pedir para esquecer. Mas eu não vou deixar, eu não vou deixar". E não deixou.

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