terça-feira, 2 de abril de 2013

Olha

Olhei para o lado e não te vi, olhei no espelho e não me vi. Então corri, sem sair do lugar, em desespero, com uma matilha em fúria dentro de mim, estraçalhando meu coração. Fui me calando, e ecoando meu desespero internamente, tentando lidar da melhor maneira possível com tudo, tentando lhe dar um bom motivo para não ir embora, em bora, que em silêncio. O que fazer com toda essa insegurança que agora me segura pelas entranhas. Com todas as palavras que eu não te disse, e com as que eu disse, mesmo achando ser cedo, sabendo agora que já é tarde. Um boa noite para a tragédia, enquanto eu digitava a ironia, minha vista se embaçava em agonia, minha mente girava feito roda gigante em slow motion, e nem sorrindo pra não chorar adiantou. Uma gargalhada alta para ofuscar os soluços, você nem ouviu dai, e eu nem me ouvi daqui, me curvando da mesma maneira que qualquer um faria em meu lugar, sem inovar, sendo apenas Eu. Fiquei pensando qual o problema em ser Eu, me odiando por não ser quem quer que seja que você quer. Por que não Eu? Então eu ri, lembrando das desventuras da vida, pensando que tudo o que nós passamos, tudo o que vivemos, e que fingimos superar, daqui a um tempo não vai passar de conversa banal de bar. E ao te ver passar na calçada, talvez eu não queira atravessar, pode ser que eu te comprimente, ou talvez  finja não te reconhecer. Então me permiti chorar como há tempos não fazia, como eu acredito não ser necessário fazer por qualquer coisa, como eu não consigo me permitir chorar. E sem querer fiquei sem se quer o seu querer. Acabei pensando seriamente que sinceramente, você nunca foi o que, nem quem eu sempre quis. Por que você? E por que não?

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