Olhei
para o lado e não te vi, olhei no espelho e não me vi. Então corri, sem
sair do lugar, em desespero, com uma matilha em fúria dentro de mim,
estraçalhando meu coração. Fui me calando, e ecoando meu desespero
internamente, tentando lidar da melhor maneira possível com tudo,
tentando lhe dar um bom motivo para não ir embora, em bora, que em
silêncio. O que fazer com toda essa insegurança que agora me segura
pelas entranhas. Com todas as palavras que eu não te disse, e com as que
eu disse, mesmo achando ser cedo, sabendo agora que já é tarde. Um boa
noite para a tragédia, enquanto eu digitava a ironia, minha vista se
embaçava em agonia, minha mente girava feito roda gigante em slow
motion, e nem sorrindo pra não chorar adiantou. Uma gargalhada alta para
ofuscar os soluços, você nem ouviu dai, e eu nem me ouvi daqui, me
curvando da mesma maneira que qualquer um faria em meu lugar, sem
inovar, sendo apenas Eu. Fiquei pensando qual o problema em ser Eu, me
odiando por não ser quem quer que seja que você quer. Por que não Eu?
Então eu ri, lembrando das desventuras da vida, pensando que tudo o que
nós passamos, tudo o que vivemos, e que fingimos superar, daqui a um
tempo não vai passar de conversa banal de bar. E ao te ver passar na
calçada, talvez eu não queira atravessar, pode ser que eu te
comprimente, ou talvez finja não te reconhecer. Então me permiti chorar
como há tempos não fazia, como eu acredito não ser necessário fazer por
qualquer coisa, como eu não consigo me permitir chorar. E sem querer
fiquei sem se quer o seu querer. Acabei pensando seriamente que
sinceramente, você nunca foi o que, nem quem eu sempre quis. Por que
você? E por que não?
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