quarta-feira, 17 de abril de 2013

Impetuosa Odette

- Você sente falta dos cigarros?
- Bom, às vezes sim. Sinto falta da sensação de acender algo com as mãos.
- Ah, então você sente falta dos isqueiros, dos fósforos
- Haha, não! Mas acho que você entendeu...
- Não mesmo. Você tem as piores explicações, e um péssimo gosto para escolher suas saudades.
- Sinto saudade de você.

(Pausa)

- Pois é, eu também sinto...
- Falta de mim?
- Não, falta de quem eu era na sua época.
- Eu tive uma “época”?

(Risos)

- Digamos que você protagonizou a Belle Époque da minha vida.
- Nossa! Como você está mudada, nem a fala é a mesma.
- Você fala como se lembrasse de cada detalhe...
- Mas eu lembro!!!
- Não parece, não mesmo. Afinal, você parou.
- De?
- Me amar, oras. Não se esqueça, você sempre me escreve contando sobre seus amores, dores e blábláblá
- E você, me esqueceu?
(Risos) - Não jogue a responsabilidade para mim. Não direi que sim, nem que não. Mas é preciso crescer.
- Eu te entendo. Minha intenção não foi te pressionar.
- Eu sei! Você é a pessoa mais bem intencionada que eu já conheci
- A ironia você não abandona, não é? Já parou para pensar que talvez você não me conheça mais tão bem como antes?!
- Não. Você continua igual!
(Risos) - Nada disso. Você que não olhou direito.
- Vamos ver então... Você ainda tem medo do escuro, certo? E tem toda aquela fome por liberdade, e não faz nada a respeito. É mimada, e chora quando não tem o que quer. Se sente mal com coisas insignificantes. Hm... Errei alguma coisa? Pois ainda nem comecei...
- Assim não vale!
- Entenda uma coisa, meu bem, não é que eu tenha te olhado direito ou não. O fato é que ninguém te olhou como eu te olhei. Talvez isso um dia mude, quem sabe você amoleça um pouco essa sua cabeça
- Você fala como se fosse a coisa mais fácil, como desamarrar os sapatos.
- Eu falo como se fosse possível, e não “fácil”.
- Não vou discutir. Não quero te fazer ir embora outra vez.
- Você fala como se isso fosse possível
- Você ir?
- Eu ficar. Você lembra da vez em que me contou aquela baboseira sobre o verdadeiro amor que entra em nossas vidas, nos ensina coisas únicas e depois vai embora?
- Claro. Achei uma ideia totalmente aceitável, enquanto te via partir.
- É tudo baboseira, acorda! Não existe um único amor verdadeiro, amor e verdade são coisas que não se separam.
- Sei... Tá querendo dizer que achou alguém melhor que eu, de forma que eu não me torne “menos especial” por isso. Como sempre, assoprando o soco.
- Nossa, você é muito cabeça dura. Eu desisto de tentar te fazer entender. Idiota!
- Tudo bem, tudo bem. Mas e você, sente falta dos cigarros?
- Eu nunca parei de fumar!
- Tudo bem...

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