É complicado para um coração atrapalhado estar apaixonado. É
complicado, quando se está atrapalhado, sentir-se apaixonado. Então o que me
resta é cantar, saudade, é o que me resta. Não se pode tampar o sol com uma
peneira, viver tristeza por qualquer besteira. É preciso sonhar. Por isso vivo
um grande devaneio, onde tudo o que não me pertence, me encanta. Tudo o que eu
não alcanço, me chama, como uma onda que te arrasta para o mar. Como a ventania
que te empurra para o olho do furacão. Eu vivo o perigo. Sem ter nada, lutando
aos murros e pontapés, por tudo aquilo que eu acredito valer a pena tentar. Porém,
decido tão rapidamente, quanto desisto. Eu vivo o risco. O delírio me motiva.
Não se pode abraçar o mundo, ter tudo aquilo que se é desejado. Nem é
necessariamente necessário ter o que se tem ao lado. O que então é preciso? Do
que então eu preciso? Um desafio daqueles que me roube à atenção, me tire à
razão, me faça querer pensar horas a fio, sem sair do lugar. Um caminho pelo
qual eu possa atravessar, com precisão, sem precisar me desatrapalhar.
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